Segundo o Económico, estes são os 7 pecados capitais de quem compra casa:
Comprar ou arrendar casa?
A eterna questão no mercado imobiliário, mas à qual é estritamente essencial responder antes de tomar uma decisão, apelam os especialistas. São vários os prós e os contras para cada uma das opções.
A “vaidade” de ter uma casa própria pode ser prejudicial, sobretudo, se o potencial comprador “não conseguir acautelar uma situação profissional estável, pelo menos, nos próximos cinco anos”, diz Luís Lima, presidente da APEMIP. A incerteza e o medo de arriscar condicionam a tomada de decisões. Como recorda Jorge Garcia, especialista no mercado imobiliário, “arrendar é uma solução mais cara e não permite adaptações à casa”. Há ainda que avaliar os benefícios de optar pelo arrendamento com a opção de compra incluída.
Não ser racional
Aplicada à compra de casa, a inveja traduz-se num mandamento: “Esqueça a emoção e guie-se pela razão”. “O valor emocional da casa é muitas vezes um travão à concretização do negócio”, diz Luís Lima. Muitos vendedores já teriam concretizado o negócio se fossem racionais. E os compradores teriam mais sucesso se o primeiro critério fosse a avaliação à disponibilidade financeira. “Na decisão de compra, o primeiro fator de análise é a zona da futura casa, cujo peso no total dos critérios ascende a 40%,” afirma o presidente da APEMIP. Para Jorge Garcia, atualmente “o mercado é vendedor”, há muita oferta e as decisões não podem, nem devem ser precipitadas.
Não apresentar propostas
Por muito que o potencial comprador se indigne com a proposta apresentada para a casa que lhe enche as medidas, a verdade é que o maior erro é “ficar quieto”. Para Jorge Garcia, é essencial apresentar propostas de compra, abaixo do valor que está a ser pedido, mesmo “que pareçam descabidas ou com fortes probabilidades de insucesso”. Isto porque, “desconhece-se até quanto o comprador está disponível a ceder”. Ainda nesta matéria, os especialistas chamam a atenção para custos, como o condomínio e afins, que, quando não avaliados inicialmente, poderão “transformar-se em desagradáveis surpresas” e sentimentos “dispensáveis”.
Não procurar o melhor negócio
A aversão a qualquer tipo de trabalho ou esforço não ajuda. É essencial analisar, comparar e escolher a melhor opção, quer ao nível da casa, quer do crédito. O empréstimo à habitação é o contrato mais longo da vida de um cliente bancário, o que justifica que o potencial comprador passe dias ou meses numa busca incessante pela melhor proposta, quando, no futuro, passará anos vinculado à mesma. O mercado está inundado de casas e nos bancos multiplicam-se as ofertas. “O atual contexto mostra a queda do mito de que todas as habitações valorizam. No processo de escolha convém ter presente que a realidade mudou”, diz Jorge Garcia.
Recusar intermediários
Negociar diretamente com o próprio ou recorrer a empresas de mediação imobiliária? Os especialistas são unânimes: mais de 50% das transações são efetuadas através de mediadores. “Recorrer a aconselhamento profissional é essencial, sobretudo para uma maior percepção do valor da casa no mercado”. E Luís Lima recorda: “O mediador licenciado tem maior poder negocial junto dos bancos”. Isto significa que a ganância de ter benefícios ao negociar-se diretamente com o vendedor, como uma ligeira redução do preço junto do vendedor, será colmatada por condições menos vantajosas obtidas junto da banca.
Perseguição às ofertas promocionais
Como diz a gíria popular “ter mais olhos que barriga” não é vantajoso. Luís Lima, presidente da APEMIP, desaconselha as ofertas promocionais de crédito à habitação. “Se representarem um ganho até podem ser viáveis. Mas se, findo o período promocional, as condições representarem um agravamento no custo, então são totalmente desaconselháveis”. Jorge Garcia recorda a “quase” inexistência de ‘spreads’ promocionais e destaca que no negociar é que está o ganho. Já a opção pela carência de capital (pagar juros e amortizar o capital no final) é aconselhável apenas para quem prevê uma evolução profissional e financeira a médio e longo prazo.
Não escolher uma casa à medida
A luxúria traduz-se no “namorar” uma casa acima das possibilidades ou necessidades do potencial comprador. E, apesar de ser o último dos pecados enumerados, a verdade é que foi, durante largas décadas, o mais comum. “Hoje isso já não acontece porque os bancos não o permitem”, diz Luís Lima. Uma nova realidade que Jorge Garcia atesta. As maiores exigências da banca na concessão de empréstimo – refletidas em cortes nas avaliações das casas, rácios de financiamento/garantia rigorosos, ‘spreads’ elevados – são uma das lições da crise.
In//Económico 15/09/2010